Este ano, mais de 153 milhões de eleitores irão às urnas para escolher vereadores, vice-prefeitos e prefeitos. No entanto, com a pandemia do novo coronavírus e a regra do distanciamento social, as campanhas eleitorais devem acontecer de forma diferente. Comícios, caminhadas pelas ruas ou visitas de porta em porta não serão tão comuns como antes. A propagação da Covid-19 resultou em uma mudança no comportamento da população, que passou a ficar mais tempo em casa e, consequentemente, na internet. Dessa forma, o marketing digital será ainda mais decisivo para o resultado destas eleições. As campanhas acontecerão, predominantemente, no mundo digital e não mais nas ruas como nos anos anteriores. É bom ressaltar também que, a cada nova disputa nas urnas, a Justiça Eleitoral amplia o uso da internet para a divulgação dos candidatos. Em 2018, por exemplo, várias regras novas entraram em vigor.
Uma das principais novidades é que, pela primeira vez em campanhas municipais, será possível realizar o impulsionamento de conteúdos nas redes sociais, como Instagram e Facebook, e demais plataformas. A ação visa alcançar um maior número de pessoas. Mas como isso funciona? O sócio-diretor da agência de marketing digital Aquário Comunicação, Luann Medeiros, responsável por administrar mais de um milhão de reais nas redes sociais de candidatos em 2018, comenta sobre o assunto.
Os santinhos, carros de som e bandeiras não serão as únicas formas de tentar conquistar os votos dos eleitores. As campanhas de 2020 prometem ser as mais digitais que já existiram até agora. É indiscutível que, hoje, a internet é uma importante fonte de informações e de formação de opinião. Na tentativa de se adequar às novas tecnologias, foi sancionada uma lei que autoriza o impulsionamento de postagens nas redes sociais, ou seja, as propagandas eleitorais pagas. “O impulsionamento, se bem utilizado, é uma estratégia vital na divulgação de um candidato”, explica Luann Medeiros.
Na prática, isso possibilita que um conteúdo veiculado na plataforma do Facebook, por exemplo, seja direcionado a diferentes audiências. Logo, uma determinada peça publicitária pode ter como público-alvo mulheres, entre 20 e 50 anos, moradoras de uma determinada região da cidade. Isso é a chamada segmentação, que ocorre por idade, gênero, local e interesses.
Outra vantagem de pagar para impulsionar propagandas eleitorais é que o alcance da publicação é muito maior, ou seja, ela aparece para o público previamente definido e não apenas para os seguidores da página do candidato. Dessa maneira, a ação consegue atingir pessoas que podem estar interessadas no conteúdo veiculado, mas que ainda não estão nas redes sociais do político. Essa estratégia também visa criar um relacionamento entre os eleitores e o candidato, fazendo com que eles participem, com curtidas e comentários, e ainda compartilhem a postagem com amigos e familiares. É um efeito dominó, uma propaganda realizada de forma adequada por uma agência de marketing digital atrai mais seguidores, gera uma maior interação, que, consequentemente, aumenta o número de compartilhamentos e, por fim, alcança outras pessoas.
É fundamental que você tenha em mente que, no ambiente do marketing digital, não existe espaço para achismos. Provavelmente, a possibilidade de analisar os resultados de cada ação seja o maior trunfo das redes sociais. Em relação a uma página do Facebook, conseguimos acompanhar a quantidade de pessoas alcançadas, o número de visualizações, as curtidas, os envolvimentos com as publicações etc. Na internet, praticamente tudo é mensurável. Em posse desses dados digitais, os profissionais são capazes de identificar erros e acertos a fim de direcionar os recursos disponíveis para a melhor estratégia.
Todo mundo tem aquele sobrinho que “entende tudo de internet” ou o filho da amiga que “cobra baratinho para fazer uma postagem nas redes sociais”. No entanto, contratar pessoas que se autointitulam especialistas na área de marketing digital, mas, na verdade, não possuem nenhuma experiência ou formação técnica para isso pode sair muito caro, alerta o sócio-diretor da Aquário Comunicação. “Não basta apenas utilizar a função do impulsionamento do Instagram, por exemplo, é necessário entender qual o objetivo da campanha, o público-alvo, seus hábitos de pesquisa e a visão e expectativas em relação ao candidato”, afirma. Com essas informações em mãos, é traçado um planejamento estratégico para alcançar o maior retorno possível em visibilidade e interação na página. Quando essas etapas são puladas, os clientes acabam decepcionados com o resultado e veem a verba destinada à internet ir ralo abaixo.
Alinhada à falta de conhecimento técnico, há uma outra preocupação, talvez ainda maior. No ambiente do marketing digital empresarial, não encontramos muitas restrições legais. O mesmo não acontece quando o assunto são as propagandas eleitorais na internet. O profissional contratado precisa estar atento a uma legislação muito específica, que, se for violada, pode ocasionar multas e, em casos mais graves, até mesmo a cassação do registro ou diploma do político.
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